Este é um blog que incentiva a edificação através da leitura da bíblia, boa preparação das publicações, cânticos, experiencias e ajuda a direcionar o leitor ao site oficial, aceitamos somente comentários apreciativos e construtivos, visto que não somos um fórum de discussões. Este blog não representa e não é oficial das testemunhas de Jeová, e muito menos é apóstata, basta verificar seu conteúdo, é um blog de iniciativa pessoal, acesse: Nosso Site Oficial: www.jw.org

11:14

Por que se referem algumas traduções da Bíblia a Jesus como “Deus”, ao passo que outras dizem que ele era “um deus” em João 1:1?

Algumas traduções vertem João 1:1 como dizendo: “No princípio era o Verbo [a Palavra], e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” O texto grego reza literalmente: “No princípio era a palavra, e a palavra estava para com o deus, e deus era a palavra.” O tradutor tem de suprir as maiúsculas conforme necessário no idioma para o qual traduz o texto. É evidentemente próprio escrever “Deus” com inicial maiúscula ao traduzir a frase “o deus”, visto que deve identificar o Deus Todo-poderoso com quem a Palavra estava. Mas, dar inicial maiúscula à palavra “deus” no segundo caso não tem a mesma justificativa.

A Tradução do Novo Mundo verte este texto: “No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um] deus.” É verdade que no texto original grego não há ali um artigo indefinido (correspondente a “um”). Mas isto não significa que não deva ser usado na tradução, porque o grego coiné, ou comum, não possuía artigo indefinido. Por isso, em todas as Escrituras Gregas Cristãs, os tradutores são obrigados a usar, ou não usar, o artigo indefinido segundo o seu entendimento do sentido do texto. Todas as traduções dessas Escrituras usam o artigo indefinido centenas de vezes; no entanto, a maioria não o usa em João 1:1. Não obstante, seu uso na tradução deste texto tem base sólida.

Primeiro, deve ser notado que o próprio texto mostra que a Palavra (ou o Verbo) estava “com o Deus”, portanto, não podia ser o Deus, isto é, o Deus Todo-poderoso. (Note também o v 2, que seria desnecessário se o v 1 realmente mostrasse que a Palavra era Deus.) Além disso, a palavra para “deus” (gr.: the·ós), na segunda ocorrência no versículo, está significativamente sem o artigo definido “o” (gr.: ho). Sobre este fato declara Ernst Haenchen, num comentário sobre o Evangelho de João (capítulos 1-6): “[the·ós] e [ho the·ós] (‘deus, divino’ e ‘o Deus’) não eram a mesma coisa, neste período. . . . Na realidade, para o . . . Evangelista, apenas o Pai era ‘Deus’ ([ho the·ós]; cf. 17:3); ‘o Filho’ estava subordinado a ele (cf. 14:28). Mas, isto é apenas aludido nesta passagem, porque aqui se dá ênfase à proximidade entre eles. . . . Era bem possível, no monoteísmo judaico e cristão, falar de seres divinos que existiam ao lado de Deus e abaixo dele, mas não eram idênticos a ele. Fil. 2:6-10 prova isso. Nesta passagem, Paulo retrata exatamente tal ser divino, que mais tarde se tornou homem em Jesus Cristo . . . Assim, tanto em Filipenses como em João 1:1, a questão não é uma de relação dialética entre dois-em-um, mas de uma união pessoal de duas entidades.” — John 1 (João 1), traduzido para o inglês por R. W. Funk, 1984, pp. 109, 110.

Depois de apresentar a tradução de João 1:1c como “e divina (da categoria de divindade) era a Palavra”, Haenchen prossegue: “Neste caso, o verbo ‘era’ ([en]) simplesmente expressa o predicado. E, concordemente, é preciso observar mais de perto o substantivo usado como predicativo: [the·ós] não é o mesmo que [ho the·ós] (‘divino’ não é o mesmo que ‘Deus’).” (pp. 110, 111) Desenvolvendo ainda mais este ponto, Philip B. Harner salientou que a construção gramatical de João 1:1 envolve um predicativo anartro, isto é, um substantivo predicativo sem o artigo definido “o”, precedendo ao verbo, construção que primariamente é qualificativa em sentido e indica que “o logos tem a natureza de theos”. Ele declarou adicionalmente: “Em João 1:1, acho que a força qualificativa do predicativo se destaca tanto, que o substantivo [the·ós] não pode ser considerado como determinativo.” (Journal of Biblical Literature [Revista de Literatura Bíblica], 1973, pp. 85, 87) Outros tradutores, também reconhecendo que o termo grego tem força qualificativa e descreve a natureza da Palavra, portanto, vertem a frase: “a Palavra era divina”. — AT; Sd; compare isso com Mo; veja apêndice da NM, p. 1519.

As Escrituras Hebraicas deixam claro, de forma coerente, que só existe um único Deus Todo-poderoso, o Criador de todas as coisas e o Altíssimo, cujo nome é Jeová. (Gên 17:1; Is 45:18; Sal 83:18) Por esse motivo, Moisés podia dizer à nação de Israel: “Jeová, nosso Deus, é um só Jeová. E tens de amar a Jeová, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de toda a tua força vital.” (De 6:4, 5) As Escrituras Gregas Cristãs não contradizem este ensino, que tinha sido aceito e era crido pelos servos de Deus durante milhares de anos, mas, antes, o apóiam. (Mr 12:29; Ro 3:29, 30; 1Co 8:6; Ef 4:4-6; 1Ti 2:5) O próprio Jesus Cristo disse: “O Pai é maior do que eu”, e referiu-se ao Pai como seu Deus, “o único Deus verdadeiro”. (Jo 14:28; 17:3; 20:17; Mr 15:34; Re 1:1; 3:12) Em numerosas ocasiões, Jesus expressou sua inferioridade e subordinação ao Pai. (Mt 4:9, 10; 20:23; Lu 22:41, 42; Jo 5:19; 8:42; 13:16) Mesmo após a ascensão de Jesus ao céu, seus apóstolos continuaram a apresentar o mesmo quadro. — 1Co 11:3; 15:20, 24-28; 1Pe 1:3; 1Jo 2:1; 4:9, 10.

Estes fatos fornecem sólido apoio para a tradução “a Palavra era um deus”, em João 1:1. A posição proeminente da Palavra como Primogênito entre as criaturas de Deus, como aquele por meio de quem Deus criou todas as coisas e como Porta-voz de Deus, oferece uma base real para ele ser classificado como “um deus” ou poderoso. A profecia messiânica em Isaías 9:6 predisse que ele seria chamado de “Deus Poderoso”, embora não o Todo-poderoso, e que ele seria o “Pai Eterno” de todos os privilegiados a viver como seus súditos. O zelo de seu próprio Pai, “Jeová dos exércitos”, faria isso. (Is 9:7) Certamente, se o Adversário de Deus, Satanás, o Diabo, é chamado de “deus” (2Co 4:4), por causa do seu predomínio sobre homens e demônios (1Jo 5:19; Lu 11:14-18), então, com motivo e propriedade muito maior é o Filho primogênito de Deus chamado de “um deus”, “o deus unigênito”, como o chamam os manuscritos mais fidedignos de João 1:18.

Quando opositores o acusaram de ‘fazer-se um deus’, a resposta de Jesus foi a seguinte: “Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: “Vós sois deuses”’? Se ele chamou ‘deuses’ aos contra quem se dirigia a palavra de Deus, e, contudo, a Escritura não pode ser anulada, dizeis a mim, a quem o Pai santificou e mandou ao mundo: ‘Blasfemas’, porque eu disse: Sou Filho de Deus?” (Jo 10:31-37) Jesus citava ali o Salmo 82, em que juízes humanos, que Deus condenou por não executarem a justiça, eram chamados de “deuses”. (Sal 82:1, 2, 6, 7) Assim, Jesus mostrava a falta de razoabilidade de o acusarem de blasfêmia por ter declarado que era, não Deus, mas o Filho de Deus.

Tal acusação de blasfêmia surgiu por Jesus ter dito: “Eu e o Pai somos um.” (Jo 10:30) Que isto não significava que Jesus pretendia ser o Pai, ou ser Deus, é evidente da sua própria réplica, já considerada em parte. A unidade a que Jesus se referia deve ser entendida em harmonia com o contexto da sua declaração. Ele falava de suas obras, e do seu cuidado pelas “ovelhas” que o seguiriam. Suas obras, bem como suas palavras, demonstravam que havia união, e não desunião e desarmonia, entre ele e seu Pai, ponto este que sua resposta passou a enfatizar. (Jo 10:25, 26, 37, 38; compare isso com 4:34; e 5:30; 6:38-40; 8:16-18.) Com respeito às suas “ovelhas”, ele e seu Pai estavam igualmente unidos em proteger tais pessoas semelhantes a ovelhas e em guiá-las para a vida eterna. (Jo 10:27-29; compare isso com Ez 34:23, 24.) A oração de Jesus em favor da união de todos os seus discípulos, inclusive os futuros, demonstra que a unicidade ou união entre Jesus e seu Pai não se referia à identidade de pessoa, mas ao propósito e à ação. Deste modo, os discípulos de Jesus podiam ‘todos ser um’, assim como ele e seu Pai são um. — Jo 17:20-23.

Em harmonia com isto, Jesus, ao responder a uma pergunta de Tomé, disse: “Se vós me tivésseis conhecido, teríeis também conhecido meu Pai; deste momento em diante vós o conheceis e o tendes visto”, e, em resposta a uma pergunta de Filipe, Jesus acrescentou: “Quem me tem visto, tem visto também o Pai.” (Jo 14:5-9) De novo, a explicação seguinte de Jesus mostra que isto se dava porque ele, Jesus, representava fielmente o Pai, falava as palavras do Pai e fazia as obras do Pai. (Jo 14:10, 11; compare isso com Jo 12:28, 44-49.) Foi nesta ocasião, na noite anterior à sua morte, que Jesus disse a estes mesmos discípulos: “O Pai é maior do que eu.” — Jo 14:28.

À luz de outros exemplos bíblicos pode-se também entender como os discípulos podiam ‘ver’ o Pai em Jesus. Jacó, por exemplo, disse a Esaú: “Vi a tua face como se visse a face de Deus, visto que me recebeste com prazer.” Ele disse isto porque a reação de Esaú se harmonizava com a oração que Jacó fizera a Deus. (Gên 33:9-11; 32:9-12) Depois de a interrogação de Jó por Deus, de dentro dum vendaval, ter esclarecido o entendimento deste homem, Jó disse: “Em rumores ouvi a teu respeito, mas agora é o meu próprio olho que te vê.” (Jó 38:1; 42:5; veja também Jz 13:21, 22.) Os ‘olhos de seu coração’ tinham sido iluminados. (Veja Ef 1:18.) Que a declaração de Jesus sobre ver o Pai devia ser entendida figurativamente, e não de forma literal, evidencia-se na sua própria declaração em João 6:45, bem como no fato de que João, muito depois da morte de Jesus, escreveu: “Nenhum homem jamais viu a Deus; o deus unigênito, que está na posição junto ao seio do Pai, é quem o tem explicado.” — Jo 1:18; 1Jo 4:12.

0 Comentaram (Comente também):

Postar um comentário

Dependendo do conteúdo, seu comentário poderá ser excluído.