O guepardo: o mais rápido dos felinos

O AR estava quente e parado na savana tórrida. Nossos binóculos miravam um bando de gazelas de Thomson, cujos flancos dourados e listrados reluziam sob os últimos raios do sol poente. Perto dali, sentada num cupinzeiro, outra espectadora também observava as gazelas. Era um felino malhado com seus filhotes. Seus olhos cor de âmbar analisavam atentamente a cena. De repente, ela tensionou os músculos, ergueu-se devagar e foi em direção da manada. Parecia que os filhotes sabiam que deviam esperar por ela.

Ela seguiu em frente com cautela, escondendo-se atrás de pequenos arbustos e tufos de capim alto. Seus movimentos eram suaves e decididos. Quando chegou a 200 metros de sua presa, ficou imóvel de repente. Uma das gazelas levantara a cabeça e olhava em sua direção; depois a gazela voltou a comer. Então, o felino reiniciou a aproximação. Chegou até uns 50 metros dos animais insuspeitosos antes de começar a correr. Sob o crepúsculo, arremessou-se para a frente como uma mola quando é solta. O bando de gazelas começou a correr em todas as direções, mas o felino não tirou os olhos da presa escolhida. Correu pela planície, aproximando-se cada vez mais da veloz gazela.

O animal apavorado ziguezagueava para frustrar seu perseguidor, mas as manobras evasivas não eram páreo para a veloz agilidade do felino. Daí, quando estava a cerca de um metro da presa, levou a pata dianteira para a frente a fim de derrubá-la. Naquele momento, o felino tropeçou de leve. Num piscar de olhos, a gazela desaparecera.

Ofegante, a fêmea de guepardo parou, sentou-se e olhou na direção dos filhotes famintos. Olhei para minha esposa, admirado. Acabáramos de observar a incrível velocidade do impressionante guepardo.

Um felino veloz

O guepardo (ou chita) realmente pode correr muito rápido. É incrível que ele possa acelerar de 0 a 65 quilômetros por hora em apenas dois segundos! Pode alcançar velocidades de até 110 quilômetros por hora! É o animal terrestre mais veloz. A título de comparação, um cavalo de corrida pode atingir velocidades um pouco acima de 70 quilômetros por hora, e o galgo pode chegar a uns 65 quilômetros por hora. Contudo, o guepardo só consegue manter sua velocidade surpreendente em distâncias curtas.

O guepardo tem uma estrutura leve, com pernas compridas, esguias, e costas elásticas e curvas. O rabo longo e malhado permite que o guepardo mantenha o equilíbrio ao se inclinar e fazer curvas em altas velocidades. Ao correr na velocidade máxima, suas passadas podem abranger mais de seis metros. Suas patas incomparáveis, que se parecem mais às de um cão do que de um gato, ajudam-no a atingir grandes velocidades. Ele usa as unhas para agarrar-se ao chão a fim de aumentar a tração.

Beleza malhada

A face do guepardo é bem característica e bonita. Duas delicadas linhas negras descem dos olhos até os cantos da boca, dando-lhe uma aparência triste, quase desamparada. O pêlo do corpo, marcado por manchas pequenas e sólidas, é curto e geralmente castanho-avermelhado claro, e o do ventre é esbranquiçado. Os filhotes são bem mais escuros ao nascer e têm uma juba espessa de compridos pêlos cinza-azulados, do pescoço até a cauda.

O chamado do guepardo é um chiado ou um trinado como o de um pássaro. Esse som pode ser ouvido até a uns dois quilômetros e é usado para se comunicar com os filhotes e com outros guepardos.

O guepardo tem um temperamento brando e pacífico em comparação com seus primos, o leão e o leopardo. Quando está satisfeito, ronrona feito um gato doméstico gigante. Adapta-se facilmente à presença humana e já foi até domado. É claro que um guepardo não é um gato doméstico. Quando adulto, atinge o peso de 45 quilos ou mais, e seus dentes e garras afiados tornam-no um animal perigoso, que deve ser tratado com cautela.

O guepardo não nasce sabendo caçar, e precisa ser bem treinado pela mãe para aprender a fazer isso. Se o filhote for criado em cativeiro, não terá a habilidade de espreitar e correr atrás da presa. Mãe e filhotes comem juntos de modo bem pacífico, sem a confusão e as brigas tão comuns entre os leões quando esses se alimentam. Sabe-se que, em áreas secas, os guepardos comem melões suculentos.

Os turistas que visitam reservas de vida selvagem na África ficam admirados com o destemor desses felinos pacíficos. Não é incomum um guepardo adulto deitar-se na sombra dum furgão de turistas ou pular na capota do veículo e olhar pelo pára-brisa os passageiros surpresos, e muitas vezes apavorados.

Parentais à moda felina

A fêmea de guepardo pode dar à luz uma ninhada de até seis filhotinhos. Ela os protege corajosamente e os mantém bem escondidos, mudando-os de lugar freqüentemente durante os primeiros meses de vida. Contudo, apesar dos esforços da mamãe guepardo, parece que apenas cerca de um terço dos filhotes sobrevivem e se tornam adultos.

Não é fácil para a mamãe guepardo cuidar duma ninhada de guepardinhos. Eles são cheios de energia e gostam muito de brincar. Os filhotes estão quase sempre à espreita do rabo da mamãe, enquanto ela descansa, e pulam sobre ele quando ela o mexe, como é comum entre os felinos. Brincando de lutar, mordendo-se e correndo uns atrás dos outros, eles geralmente não se apercebem do sempre presente perigo dos predadores.

Caçador vira caça

O guepardo tem muitos inimigos naturais, incluindo o leão, o leopardo e a hiena. Mas o seu pior inimigo é o homem. Sua linda pele malhada é muito apreciada para roupas, tapetes e troféus. Essa criatura veloz tem sido também apanhada e treinada para caça esportiva. Visto que dificilmente se reproduz em cativeiro, o guepardo tem sido perseguido até os confins dos seus domínios para atender a essa demanda. A perda do habitat também tem dificultado a vida do guepardo, de modo que na África Oriental ele agora é encontrado principalmente em reservas naturais.

Em 1900 havia, segundo estimativas, 100.000 guepardos em 44 países. Hoje em dia, talvez haja apenas uns 12.000 que sobrevivem em 26 países, a maioria na África. Fazem-se esforços para proteger esse lindo felino malhado, mas seu número continua a decrescer.

Alguns acham que talvez não se consiga evitar a extinção do guepardo. Contudo, é animador saber que chegará um tempo em que os homens aceitarão plenamente a sua missão divina: cuidar, proteger e ‘ter em sujeição toda criatura vivente que se move na Terra’. (Gênesis 1:28) Só então os lindos felinos, como o guepardo, poderão com certeza deleitar os habitantes da Terra para sempre.