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08:32

Antigos manuscritos — como são datados?

EM 1844, o erudito bíblico Konstantin von Tischendorf visitou o mosteiro de Santa Catarina, no sopé do monte Sinai, Egito. Ao fazer pesquisas nas bibliotecas desse mosteiro, ele se deparou com alguns pergaminhos extraordinários. Como estudava paleografia, Tischendorf os identificou como folhas da Septuaginta, uma tradução para o grego das Escrituras Hebraicas, ou “Velho Testamento”. Ele escreveu: “Nunca tinha visto algo que pudesse ser considerado mais antigo do que aquelas páginas encontradas no monte Sinai.”
Aqueles pergaminhos faziam parte do que mais tarde ficou conhecido como Manuscrito Sinaítico (Códice Sinaítico) e foram datados do quarto século EC. O Sinaítico é apenas um dos milhares de manuscritos antigos das Escrituras Hebraicas e Gregas disponíveis para os eruditos estudarem.
O desenvolvimento da paleografia grega
Um monge beneditino, Bernard de Montfaucon (1655-1741), deu início ao estudo sistemático de manuscritos gregos. Mais tarde, outros eruditos deram sua contribuição. Tischendorf empreendeu a enorme tarefa de alistar os mais antigos manuscritos bíblicos em grego que estavam nas bibliotecas da Europa. Também viajou várias vezes ao Oriente Médio, estudou centenas de documentos e publicou os resultados de suas pesquisas.
No século 20, novos recursos se tornaram disponíveis para os paleógrafos. Um deles é a lista feita por Marcel Richard, com cerca de 900 catálogos que relacionam 55 mil manuscritos gregos — bíblicos e não-bíblicos — em posse de 820 bibliotecas ou proprietários particulares. Essa enorme quantidade de informação é uma ajuda para tradutores e auxilia paleógrafos em datar manuscritos com mais exatidão.
Como os manuscritos são datados
Imagine que você está limpando o sótão de uma casa velha e encontra uma carta escrita à mão, sem data e amarelada pelo tempo. ‘Quando ela foi escrita?’, você se pergunta. Então vê outra carta antiga. O estilo geral, a caligrafia, a pontuação e outras características se parecem com as da primeira carta. Mas, para sua alegria, a segunda carta tem data. Embora não dê para saber o ano da escrita da primeira carta, você talvez tenha agora uma boa indicação para calcular o período aproximado dela.
A maioria dos escribas do passado não colocava a data em que as cópias dos manuscritos bíblicos eram concluídas. Para determinar uma data aproximada, os eruditos comparam os textos com outras obras, incluindo antigos documentos não-bíblicos com datas conhecidas, e baseiam suas conclusões no estilo de escrita, na pontuação, nas abreviações e assim por diante. No entanto, foram encontrados centenas de manuscritos datados, escritos em grego, de cerca de 510 EC a 1593 EC.
O estilo de escrita ajuda na datação
Os paleógrafos dividem a caligrafia grega antiga em duas categorias básicas: librária, uma escrita elegante e formal; e cursiva, uma escrita traçada de modo corrente, usada em documentos não literários. Escribas gregos também usaram vários tipos de letras que podem ser classificados como maiúsculas, unciais (uma variação das maiúsculas), cursivas e minúsculas. Certo tipo de escrita librária, uncial, foi usado do quarto século AEC até o oitavo ou nono século EC. A partir de então, começou-se a usar as minúsculas, uma forma reduzida de escrita librária que continuou até o surgimento da impressão tipográfica na Europa, em meados do século 15. Essa escrita podia ser feita de maneira mais rápida e compacta, poupando tempo e pergaminho.
Cada paleógrafo tem seu método preferido para datar manuscritos. Mas, normalmente, eles fazem primeiro uma verificação geral da escrita e depois a examinam mais de perto, analisando letras individuais. Visto que mudanças significativas no estilo básico de escrita demoraram a ocorrer, um exame minucioso da escrita, apesar de útil, dá apenas uma vaga indicação do tempo em que foi feita.
Felizmente, há outros meios de se obter uma data mais precisa, como o de identificar e datar a época em que certos hábitos de escrita surgiram. Por exemplo, em textos gregos posteriores a 900 EC, os escribas aumentaram o uso de ligaturas (dois ou mais caracteres ligados entre si). Eles também começaram a usar escrita sublinear (escrever certas letras gregas abaixo da linha), bem como sinais de aspiração, que ajudavam na pronúncia das palavras.
Em geral, a caligrafia de uma pessoa não muda muito no decorrer de sua vida. Assim, ao datar certo texto, muitas vezes só dá para especificar um período de 50 anos e dizer que foi escrito nesse período. Além disso, os escribas às vezes usavam manuscritos anteriores como modelo, fazendo a cópia parecer mais antiga do que realmente é. Mas, apesar de tantos desafios, vários manuscritos bíblicos importantes foram datados.
A datação de importantes manuscritos bíblicos em grego
O Manuscrito Alexandrino (Códice Alexandrino), hoje guardado na Biblioteca Britânica, foi o primeiro dos principais manuscritos bíblicos disponibilizados para os eruditos. Contém a maior parte da Bíblia e foi escrito com letras unciais gregas em velino, um tipo de pergaminho bem fino. Esse códice foi datado do começo do quinto século EC, basicamente por causa das mudanças na escrita uncial ocorridas entre o quinto e o sexto séculos, que também eram evidentes num documento datado, conhecido como Dioscórides de Viena.
Um segundo manuscrito importante disponível para os eruditos é o Manuscrito Sinaítico (Códice Sinaítico), descoberto por Tischendorf no mosteiro de Santa Catarina. Escrito em pergaminho, em grego uncial, o Sinaítico contém partes das Escrituras Hebraicas da versão Septuaginta grega, bem como todas as Escrituras Gregas Cristãs. Desse códice, 43 folhas estão em Leipzig, Alemanha; 347 na Biblioteca Britânica, Londres; e fragmentos de 3 folhas estão em São Petersburgo, Rússia. O manuscrito foi datado do fim do quarto século EC. Essa data é apoiada por notas marginais nos Evangelhos, segundo se sabe, criadas pelo historiador Eusébio de Cesaréia, do quarto século.
Uma terceira obra importante é o Manuscrito Vaticano N.° 1209 (Códice Vaticano), que originalmente continha a Bíblia inteira em grego. Esse códice foi catalogado na Biblioteca do Vaticano pela primeira vez em 1475. Escrito com unciais gregas em 759 folhas de pergaminho bem fino, ou velino, o códice contém a Bíblia quase inteira, com exceção da maior parte de Gênesis, bem como de trechos dos Salmos e das Escrituras Gregas Cristãs. Eruditos datam o manuscrito do começo do quarto século EC. Como eles chegaram a essa data? A escrita é similar à usada no Manuscrito Sinaítico, também do quarto século. Mas o Códice Vaticano costuma ser considerado um pouco mais antigo. Por exemplo, entre outras coisas, ele não tem referências cruzadas como os cânones de Eusébio.
Um tesouro no meio do lixo
Em 1920, a Biblioteca John Rylands, em Manchester, Inglaterra, adquiriu vários papiros descobertos pouco tempo antes em um antigo monte de lixo no Egito. Ao examinar os itens, que incluíam cartas, recibos e documentos de recenseamento, o erudito Colin Roberts viu um fragmento contendo um texto que ele conhecia — alguns versículos do capítulo 18 de João. Esse era o mais antigo texto cristão em grego encontrado até aquela época.
O fragmento recebeu o nome de Papiro John Rylands 457, conhecido no mundo todo como P52. Escrito em grego uncial, foi datado do começo do segundo século — apenas algumas décadas depois da escrita original do Evangelho de João. Digno de nota é que o texto é quase idêntico aos encontrados em manuscritos bem posteriores.
Antigos, mas exatos!
Em seu livro The Bible and Archæology (A Bíblia e a Arqueologia), Sir Frederic Kenyon, crítico textual britânico, disse a respeito das Escrituras Gregas Cristãs: “Tanto a autenticidade como a integridade geral dos livros do Novo Testamento podem ser consideradas como finalmente estabelecidas.” De modo similar, a respeito da integridade das Escrituras Hebraicas, o erudito William H. Green declarou: “Pode-se dizer com segurança que nenhuma outra obra da antiguidade foi transmitida com tanta exatidão.”
Essas palavras nos fazem lembrar o que o apóstolo Pedro disse: “Toda a carne é como a erva, e toda a sua glória é como flor da erva; a erva se resseca e a flor cai, mas a declaração de Jeová permanece para sempre.” — 1 Pedro 1:24, 25.
[Nota(s) de rodapé]
‘Paleografia é o estudo da escrita, antiga e medieval, e se refere aos manuscritos em matéria própria de escrita: papiro, pergaminho e papel.’ — Enciclopédia Barsa.
O Dioscórides de Viena foi escrito para uma certa Juliana Anicia, que morreu em 527 ou 528 EC. Esse documento “é o exemplo mais antigo de escrita uncial feita em velino a que se pode atribuir uma data aproximada”. — An Introduction to Greek and Latin Palaeography (Uma Introdução à Paleografia Grega e Latina), de E. M. Thompson.
Os chamados cânones de Eusébio são uma série de tabelas, ou um sistema de referências cruzadas, “para mostrar quais passagens em cada Evangelho são similares às de outros Evangelhos”. — Manuscripts of the Greek Bible (Manuscritos da Bíblia Grega), de Bruce M. Metzger.
Por examinarem cuidadosamente manuscritos com data, os paleógrafos conseguem datar obras sem data
Como o Rolo do Mar Morto de Isaías foi datado
  O primeiro Rolo do Mar Morto do livro bíblico de Isaías, escrito em couro num estilo pré-massorético de escrita hebraica, foi descoberto em 1947 e datado do fim do segundo século AEC. Como os eruditos chegaram a essa data? Eles compararam sua escrita com outras inscrições e textos hebraicos e estabeleceram uma data paleográfica entre 125 AEC e 100 AEC. O teste do carbono 14, usado para calcular a data do rolo, deu evidência adicional.
  É impressionante que uma comparação dos Rolos do Mar Morto com o texto massorético, escrito muitos séculos depois por escribas chamados massoretas, não revelou nenhuma mudança doutrinal. Muitas das diferenças encontradas envolvem apenas gramática e grafia. Também é notável que o Tetragrama — as quatro consoantes hebraicas que compõem o nome divino, Jeová ou Javé— aparece várias vezes no rolo de Isaías.
[Nota(s) de rodapé]
Os massoretas, meticulosos copistas judeus, viveram entre aproximadamente 500 EC e 1000 EC.
[Fac-símile tipográfico do Manuscrito Vaticano N.° 1209: do livro Bibliorum Sacrorum Graecus Codex Vaticanus, 1868; reprodução do Manuscrito Sinaítico: 1 Timóteo 3:16 como aparece no Códice Sinaítico, quarto século EC; Manuscrito Alexandrino: do livro The Codex Alexandrinus in Reduced Photographic Facsimile, 1909, com permissão da Biblioteca Britânica

1 Comentaram (Comente também):

  1. Muito úteis as informações aqui prestadas. Usarei uma pequenina parte delas na minha pregação. Obrigado.

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