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João 1:1c e o Substantivo Qualitativo ou Indefinido

João 1:1c e o Substantivo Qualitativo ou Indefinido


Certo leitor fez a seguinte pergunta apropriada:
Tenho uma dúvida: Em João 1:1c em grego diz literalmente nesta ordem “e deus era a palavra.” Embora “deus” não tenha o artigo definido, ele está antes do verbo. Isso altera alguma coisa no sentido da frase? Meu professor de grego (Universidade Federal do Ceará) disse que esta construção gramatical visa enfatizar a qualidade do substantivo. Certos trinitaristas tem Usado isso para argumentar que a frase “deus era a palavra” significa: “quem realmente era deus era a palavra”, ou “se tinha alguém que era deus, esse era a palavra”. Tal argumentação procede?

Resposta:
Prezado leitor,
A afirmação de que João 1:1c possui uma construção gramatical que “visa enfatizar a qualidade do substantivo” é correta! Enfatiza a qualidade de “divino”. Não se enfatiza a identidade, mas a qualidade do substantivo. θεῖος não é a única maneira de afirmar que Jesus era “divino”. Ou seja, a palavra era “divina”. Mas alguns talvez digam, não se usaria θεῖος para se dar um sentido qualitativo? Assim como em grego você pode usar θεῖος para dar uma ideia qualitativa de theós, pode-se empregar também um substantivo anartro para exprimir a mesma ideia, mas de uma forma indefinida. Afinal qual é a definição de “divino”? Ora, algo que é “um deus” é divino! A construção gramatical usada aqui envolve o uso qualitativo ou categórico do indefinido.
 Encontramos muitos casos de um substantivo predicativo anartro no singular precedendo ao verbo, tais como em Mr 6:49; 11:32; Jo 4:19; 6:70; 8:44; 9:17; 10:1, 13, 33; 12:6. Nestes lugares, há tradutores que costumam inserir o artigo indefinido “um” ou “uma” antes do substantivo predicativo, para salientar o atributo ou a característica do sujeito.
Em Marcos 6:49 lemos que quando viram Jesus andar sobre as águas, “pensaram que ele era um fantasma”(literalmente em grego: ἔδοξαν ὅτι φάντασμά ἐστιν” pensaram que fantasma é”) ninguém argumentaria que o emprego de um artigo indefinido neste texto é indevido. Ao contrário, indevido é pensar o contrário! A construção grega apresentada aqui é a mesma de João 1:1. Temos o substantivo “fantasma” antes do verbo ἐστιν.
Em João 4:19 a Samaritana disse a Jesus: ““Senhor, percebo que és um profeta.” ( θεωρῶ ὅτι προφήτης εἶ σύ. Literalmente: “Observo que profeta és tu”) O substantivo “profeta” ocorre antes do verbo “ser”, claramente numa construção indefinida. Visto que se insere o artigo indefinido antes do substantivo predicativo em tais textos, insere-se com igual justificativa o artigo indefinido “um” perante o θεός anartro no predicativo de João 1:1 para fazer o texto rezar “[um] deus”.
Portanto seu professor ao afirmar que se destaca o substantivo de forma “qualitativa”está correto. Mas, se ele pensa que “qualitativo” identifica Jesus como sendo o próprio Deus Todo Poderoso, não está seguindo gramática, mas teologia a qual se apega. Se João 1:1 C fosse interpretado como dizendo que Jesus é “Deus”, isto entraria em desacordo com a cláusula precedente onde lemos que ὁ Λόγος ἦν πρòς τóν Θεόν ou “a palavra estava com o Deus“. Predicativos anartros precedendo ao verbo apresentam um sentido qualitativo/indefinidos. Para alguns eruditos, a força qualitativa do predicado nesta frase se destaca tanto que o substantivo Theós não deve ser considerado definido. Um número de respeitados eruditos trinitários admitem que uma tradução literal de João 1:1 C é realmente “e a palavra era divina” ou indefinida, “e a palavra era um deus”.
A opção preferida pelos “evangélicos” e outros, ao afirmarem que a palavra “era Deus” contradiz também o contexto imediato de João 1:1, no emprego da preposição grega diá em João 1:3, onde Jesus é mencionado como aquele “por meio de” ou “através de” quem Deus criou todas as coisas. Em construções genitivas esta preposição sempre deve ser vertida assim. E identifica Jesus, não como sendo Deus, mas aquele “por meio de” quem Deus fez o mundo. (Veja este artigo para um entendimento claro a respeito do uso desta preposição grega)
A tradução “e a palavra era um deus” é de fato aceita por vários eruditos respeitados, apesar de alguns pastores e líderes Evangélicos ou católicos afirmarem o contrário.
Murray J. Harris escreveu:
“Do ponto de vista somente gramatical, [theos en ho logos] poderia ser traduzido “a Palavra era um deus.” (Jesus As God, 1992, página.60.) Contudo, Harris rejeita esta tradução com base não em gramática.
C.H.Dodd, embora favoreça a tradução “e a Palavra era Deus”, também escreveu:
“Uma possível tradução de [theos en ho logos] seria “a Palavra era um deus”. Como uma tradução palavra–por–palavra não pode ser condenada.” – Technical Papers for The Bible Translator, Vol 28, No.1, January 1977.
Wallace, contudo, insiste que o sentido qualitativo é aceitável, “somente se o termo for aplicado somente a uma Divindade verdadeira”. Ele acaba inferindo que em tempos antigos “divino” era aplicado somente à verdadeira Divindade. Isso é um entendimento teológico posterior como poderá ver neste artigo.


Esta página tem apresentado evidência das próprias páginas da Bíblia, de que a opção de tradução da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada em João 1:1 não é somente gramaticalmente e contextualmente correta, mas em harmonia com o restante das Escrituras.

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